Realizou-se no fim-de-semana 22/23 de março, no Centro Catequético, em Fátima, em parceria com a diocese de Santarém, com a presença de 21 catequistas.
Foi orientador o Pe. José Henrique Pedrosa, Diretor do Serviço Diocesano de Catequese, e Pároco da Boa Vista, que zelosa e eficazmente se desdobrou entre o Retiro e o Serviço dominical à sua Comunidade Paroquial, sem com isso ter prejudicado o bom ritmo do mesmo. Este testemunho veio reforçar a admiração e gratidão de todos os participantes, pela forma generosa, sábia e profunda com que conduziu este Retiro.
Um Retiro vive-se, dificilmente se conta. Partilharei, no entanto, ainda que sintética e de forma limitada, a riqueza dos conteúdos que nos ministrou bem como da pedagogia que utilizou. Uma verdadeira Pedagogia Catequética: da vida à Palavra e desta à Expressão de Fé, na oração comunitária e pessoal, para voltar à vida já iluminada pela Palavra e alimentada na oração e sacramentos, no Encontro com O Senhor da Vida. “Encontro”, foi aliás, uma das palavras-chave deste Retiro.
Foi assim que, pelos textos Bíblicos lidos e aprofundados, nos introduziu na dinâmica da Alegria por encontrar, conhecer, seguir, se deixar transformar pelo Senhor Jesus, e ir anunciá-lO. Tal como aos primeiros discípulos; Jo. 1,35ss, também a nós Ele chama hoje e pergunta: o que procurais? Questão fundamental para cada um de nós. O que busco eu na relação com Ele? Jesus olhou-os e, tão marcante foi o Encontro, que eles ficaram com Ele, e depois foram chamar outros para O verem. Como me deixo olhar por Jesus? Como olho os outros? Como O mostro aos outros? Questões desafiantes que nos deixou, convidando-nos de seguida a elaborar a nossa história de descoberta e de relação pessoal com Deus, e a partilhá-la em grupos, o que nos levou a aprofundar a nossa consciência de caminhada na fé, que se faz em Igreja.
No encontro com Zaqueu, Lc.19, 1ss, ele sobe a um sicómoro para ver Jesus, mas é Jesus que levanta os olhos e o convida a descer, depressa, para se encontrar com Ele. “Deus está cá em baixo; um Deus que se faz pequeno para nos levar até Ele”. Há intensidade e determinação na busca de Zaqueu, apesar dos obstáculos. Por isso há Encontro, do qual resulta a transformação radical da sua vida. E nós, de que forma buscamos encontrar-nos com Deus? Também a nós Ele convida a deixar, depressa, o que nos impede o Encontro com Ele, pois nos quer oferecer, com urgência, “uma vida boa, bela e feliz” acrescentou, citando D. A. Marto.
Em Mt. 16,13ss fomos confrontados com a questão crucial: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem? E vós quem dizeis que Eu sou? Mostrou-nos que a resposta à segunda questão implica a vida, e define a forma de relação que temos com Ele. Pedro respondeu a partir do seu conhecimento interior e Jesus Diz-lhe que ele é feliz porque foi o Pai que lho revelou. Assim, a fé é dom e resulta da revelação que Deus nos faz de si mesmo, no Encontro com Ele, que também se vive na Comunidade.
A partir de Act. 2,37ss refletimos sobre a alegria de viver a fé em Igreja, a dimensão comunitária da fé. Que o chamamento, na Bíblia se apresenta sempre numa dinâmica de “vem e vai”. Ninguém é chamado para ficar mas para ir anunciar. E fez referência à necessidade de uma catequese com maior carater Catecumenal segundo o desejo dos nossos Bispos. Realçou que é a Igreja que nos gera para Deus e lembrou as características dos primeiros cristãos, como modelo para a nossa vivência comunitária. Reforçou a importância do acolhimento na comunidade citando o Papa Francisco na Evangelli Gaudium sobre “ manter as portas da Igreja abertas” e ainda D. A. Marto na sua Carta Pastoral sobre a Igreja. E levou-nos ao questionamento sobre a forma como acolhemos os que chegam de novo, como aceitamos a diversidade na vivência da fé, e qual o nosso grau de compromisso em Igreja. Mais uma vez fomos convidados a escrever, e a partilhar, em grupo, a história pessoal da nossa vivência em Igreja, até hoje. Mais uma oportunidade para nos darmos conta de como o nosso Deus vai sempre à nossa frente, e não deixa que se nos feche uma janela, sem que nos abra uma porta.
No Encontro de Jesus com a Samaritana, (Jo. 4,1ss) saboreámos a alegria de podermos anunciar o Evangelho. “ Se conhecesses o dom de Deus”...; tomámos consciência de que a “relação é um caminho para o conhecimento, que sem conhecimento não há relação, e que a relação, quando não cresce regride”. Pela Palavra de Jesus, no Encontro com Ele, a Samaritana abre-se ao diálogo, questionando-O sobre o Messias que havia de vir, e à Missão, chamando os outros “ vinde ver” e partilhando a alegria do Encontro. Ao catequista compete, tal como fez a Samaritana, indicar, mostrar Jesus aos outros. Mas só pode mostrar, quem encontrou. Só temos a Missão de anunciar, não de colher os frutos, pois a fé é uma opção pessoal e o caminho é feito por cada um. E citou o DGC nº 156 que refere que nenhuma pedagogia dispensa a pessoa do catequista pois este é um mediador que facilita a comunicação entre as pessoas e o mistério de Deus. Mas a adesão crente das pessoas é fruto da graça e da liberdade. A Samaritana deixou o cântaro porque, no Encontro com Jesus, o tipo da sua sede mudou. O catequista deve interrogar-se sobre o tipo das suas sedes, pois é mensageiro/testemunha do Deus da Água viva, O única capaz de saciar a nossa sede de infinito.
Belmira de Sousa
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