No passado dia dois e três de março realizou-se em Fátima um retiro de catequistas que foi orientado pelo P. Francisco Ruivo.
No decorrer do retiro fomos convidados a refletir que é Deus que toma a iniciativa e que nos chama. A nossa atitude é a resposta por isso estamos aqui. O nosso desejo é estar com Deus, tal como Jesus desejava intensamente o contato com o Pai. Isto conduz-nos à vigilância, a estarmos atentos aos sinais de Deus, para isso, necessitamos de silêncio de serenidade e de tranquilidade de coração. Devemos então questionar-nos o que é que eu desejo? O que é que eu peço? O que é que eu espero?
S. Agostinho era o homem do desejo. O desejo é o inicio e a fidelidade na oração.
Viver a fé é aprender a viver com Deus a quem devemos pedir que purifique os nossos desejos. Foi-nos proposto refletir sobre os desejos no evangelho de S. Marcos capítulo 10. O jovem rico deseja saber “o que deve fazer para alcançar a vida eterna”, os filhos de Zebedeu desejam que Jesus faça o que eles lhe pedem “ concede-nos que, na Tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda”, o cego de Jericó que estava sentado à beira do caminho gritava “ Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim!” Vimos neste textos uma diversidade de desejos. Tal como ao jovem rico Jesus diz-nos: “Vem e segue-Me”. Será que temos a coragem de nos despojar, de deixar tantas “ riquezas” que acumulamos? Seremos como os filhos de Zebedeu que desejavam promoção? Ainda hoje corremos esse risco de querer sobressair, ser visto, ter nome, ser reconhecido, ser famoso, ser falado, aparecer nas revistas…O cego despojado não pede nada, apenas suplica “ Filho de David, tem misericórdia de mim!” Sabemos que Jesus nos conduz a desejos mais profundos, isto pode verificar-se nas parábolas anteriores e noutras similares por exemplo: Zaqueu sobe para a árvore porque quer ver Jesus. Jesus dá-lhe mais, chama-o e diz-lhe que quer ficar em sua casa cf. Lc 19,1. Seguidamente refletimos sobre as perdas e os encontros (em Lc 15) aparecem três perdidos (a ovelha, a dracma e o filho). Estas parábolas têm como centro a alegria do encontro, a festa, porque o que estava perdido foi encontrado. Jesus quer assim mostrar-nos a misericórdia do Pai que nos procura, que não descansa enquanto não nos encontra, que nos acolhe que quer fazer festa.
Mais do que defender um conjunto de doutrinas, a fé é um caminho que se percorre, é um deixar-se encontrar por Cristo. Vimos essa caminhada de fé em Jo 4, 4-18, no diálogo de Jesus com a samaritana. No primeiro contato a samaritana questiona: “ Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber a mim que sou samaritana?” Depois do encontro com Jesus ela fez a caminhada porque houve escuta e diálogo, assim vai-se abrindo e no segundo momento diz: “ Senhor vejo que és profeta!”, no terceiro momento “ Eu sei que o Messias, que é chamado Cristo, está para vir!” Jesus respondeu-lhe:” Sou Eu, que estou a falar contigo.”
Para que haja encontros de fé é necessário que aconteça anúncio e testemunho. No decorrer dos evangelhos são-nos apresentados vários encontros com Jesus provocadores da fé. Zaqueu ouviu dizer que Jesus passava por ali… por isso deseja ver, o mesmo acontece com o funcionário real, ele encontra-se com Jesus, conversa com Ele confia nas Suas palavras e com os da sua casa inicia um processo de formação/ conversão.
A fé não é “estável” nem estática vai-se aprofundando ao longo do caminho porque o encontro com Cristo muda radicalmente a vida. Somos peregrinos a caminho de Jerusalém. É neste caminho que o Senhor Jesus se revela, se dá a conhecer, e nos envia a anunciar. A samaritana fez o seu percurso, o centurião (pagão romano) volta para casa com a promessa que a filha está curada.
Maria Madalena é a primeira testemunha da ressurreição do Senhor. Ela partilha a sua experiência: “ Vi o Senhor!” Podemos perguntar: Que experiência faço eu de Cristo ressuscitado? A minha vida é testemunho desse encontro de alegria?
O grande sinal de Cristo ressuscitado é a eucaristia. A comunidade reúne-se para fazer a experiência do ressuscitado. Ele está presente, está vivo é dom, alegria e comunicação da vida divina.
O Espírito Santo é dado à comunidade reunida. A comunidade recebe o mandato de proclamar que Jesus é o Senhor.
Que o Senhor nos conceda a graça de celebrar e que a nossa vida seja o espelho de Cristo ressuscitado.
Que a nossa experiência com Cristo ressuscitado seja um contágio, e que assim, O possamos anunciar aos nossos catequizandos.
Uma catequista
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